Não tenho qualquer dúvida de que um programa de wellness e bem-estar pode contribuir de forma muito positiva para o sucesso de uma empresa. Um colaborador saudável, física e psicologicamente, será um profissional mais feliz e, consequentemente, mais produtivo. Ao nível mais prático e básico, será mais assíduo e pontual, ausentando-se menos por motivos de saúde.

Contudo, considero a correlação entre wellness e produtividade bem mais complexa que isso. Atualmente, sobretudo com a influência dos millennials, verificamos que os profissionais não procuram apenas um emprego que lhes pague as contas ao final do mês. Pretendem muito mais que isso: querem sentir-se parte do ADN da organização em que trabalham, que lhe sejam propostos projetos de vida. E querem, também, desenvolver tudo isto num ambiente flexível, saudável e que lhes permita ter um bom equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Felizmente, os líderes das grandes empresas estão atentos a estas preocupações e o desenvolvimento de políticas de retenção integradas, que englobam todos estes fatores, é cada vez mais comum. As empresas não podem, naturalmente, obrigar os seus colaboradores a desenvolver um estilo de vida saudável. Mas podem, sem sombra de dúvida, tomar acções para incentivá-los a fazê-lo.

Desenvolver programas complexos de bem-estar dos colaboradores

Por estes motivos, enquanto responsável de Marketing, uma das minhas principais preocupações é desenvolver um programa completo de promoção do bem-estar dos nossos colaboradores.

Ao nível do exercício físico, temos uma parceria com uma cadeia de ginásios, através da qual oferecemos a mensalidade aos nossos colaboradores, aulas especiais organizadas apenas para os nossos colaboradores, check up de saúde regulares e workshops de alimentação saudável, entre outras ações.

Em 2018, tornámo-nos ainda parceiros da B2run, a Corrida das Empresas, participando nos eventos de Lisboa e do Porto. Esta foi, sem dúvida, uma ação recebida com grande entusiamo pelos nossos colaboradores, que puderam aliar a prática de exercício ao networking com profissionais de grandes empresas.

Desenvolvemos ainda outras ações ao nível da saúde que vão além do exercício físico, como disponibilizar massagens no escritório, oferecer fruta diariamente aos colaboradores, estabelecer parcerias com empresas de comida saudável, patrocinar tratamentos para deixar de fumar, organizar dias anti-stress, políticas ativas de diversidade e inclusão, eventos para as famílias dos colaboradores, dias extra de férias mediante antiguidade, festas e viagens de empresa, entre outras.

No ano passado, criámos também uma nova área de lazer e bem-estar no nosso escritório, com uma copa mais agradável para gerar momentos de descontração. Preocupa-nos também o equilíbrio entre vida profissional e pessoal promovendo a flexibilidade de horários e dando acesso a ferramentas de trabalho remoto.

Que impacto na saúde e produtividade?

Perguntam-me por vezes se este tipo de programa tem um verdadeiro impacto. De facto, o que é mais recompensador é verificar que a resposta a esta pergunta é afirmativa. Por exemplo, temos casos concretos de colaboradores que, após um rastreio, mudaram os seus hábitos, adoptando um estilo de vida mais saudável, o que é a prova de que este tipo de iniciativa pode de facto fazer a diferença na vida das pessoas.

É também muito interessante analisar a evolução dos colaboradores desde que começámos a adotar este programa há uns anos, até hoje. Ao início, sentia alguma resistência à participação nestas atividades, muitas vezes pelo receio de serem demasiado duras ou por as pessoas acharem que não tinham a condição física para as realizar, ou simplesmente porque consideravam que não gostavam de desporto e seria uma hora de sacrifício.

Atualmente, vemos que acontece precisamente o oposto. Os colaboradores adoram este tipo de atividades, apresentam grandes taxas de participação, perguntam-me constantemente quando vamos ter a próxima aula, sugerem novas modalidades para experimentar. O feedback e espírito no escritório após um evento são sempre extremamente positivos. As pessoas sentem-se claramente mais felizes, com maior espírito de equipa e com sensação de missão cumprida.

Além disso, cada vez somos mais a ir ao ginásio, a fazer exercício em conjunto, a conviver neste espaço fora do escritório.

Pela minha própria experiência, verifico que os profissionais valorizam muitíssimo este tipo de iniciativa, pelo que não hesito em recomendar a adoção deste tipo de programa a qualquer líder que queira atrair e reter talento e tornar a sua organização numa empresa onde as pessoas querem trabalhar. Para as empresas que querem reter o seu talento, a minha proposta recai então sobre dois aspectos: saúde e criatividade. Enquanto gestor, pense em como poderá ir mais além para garantir o engagement dos seus colaboradores, descubra aquilo que os apaixona, que os motiva e não hesite em aplicar na prática as políticas e ações que podem contribuir para garantir a felicidade dos profissionais no quotidiano da sua empresa.

 

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