O setor do retalho é, por tradição, um dos mais dinâmicos na criação de emprego e na reconfiguração de postos laborais. Numa rápida análise aos números do Ministério do Trabalho, verificamos que a mudança profissional é uma realidade frequente neste ramo de atividade, afetando em maior escala os seus quadros operacionais.

As equipas de recursos humanos do setor esforçam-se no controlo deste turnover com um constante mapeamento de mercado, não raras vezes focando o reforço das suas segundas linhas. Ainda assim, desdobram os seus esforços nas políticas de retenção dos seus perfis de gestão, quadros que para além de também sofrerem os efeitos do turnover operacional, têm igualmente um registo frequente de mudança profissional.

Mas afinal que motivos levam os gestores de retalho a optar por mudar de emprego? Segundo a nossa experiência, identificamos cinco grandes fatores:

  • Salário. O mercado de trabalho obedece ao princípio económico da oferta e da procura, pelo que numa realidade tão dinâmica é expectável que o profissional seja mais sensível ao seu valor no mercado. Nesse sentido, o gestor de retalho tenderá a saber quando o seu salário está abaixo da média, aumentando as probabilidades de mudança.
  • Afunilamento de Carreira. O retalho é também um setor reconhecido pelo seu crescimento orgânico, fomentando uma grande competitividade e ambição nas suas equipas comerciais. Contudo, é bastante comum encontrarmos estruturas pequenas e afuniladas que impedem excelentes profissionais de crescerem para funções de maior responsabilidade. Mudar é, aqui, uma necessidade de crescimento.
  • Rotatividade Operacional. Como já foi referido, os gestores vêem o seu trabalho bastante prejudicado pela rotatividade dos quadros operacionais. No retalho, esta é uma realidade (por vezes diária) que desgasta e retira qualidade à estratégia comercial e de atendimento ao cliente. O gestor de retalho é repetidas vezes forçado a “fazer omeletes sem ovos”, com um sentimento de frustração que pode conduzi-lo à mudança profissional.
  • Articulação com Vida Pessoal. Esta questão não é nova no setor e parece condenada a nunca deixar de ser um problema. Horários e folgas rotativas, picos de intensidade no trabalho, desgaste físico que afeta o tempo de lazer, prejuízo nas relações familiares… A lista é extensa e é talvez o principal motivo não só de mudança, mas também de saída do setor.
  • Experimentar algo novo. Nem sempre os motivos de mudança no setor têm um caráter menos positivo. Não é incomum encontrarmos um gestor bem-sucedido que pretende desafiar-se numa nova realidade funcional ou até de produto. Experimentar algo novo é algo que leva regularmente o profissional de retalho a consultar o mercado de trabalho.

Em suma, pode dizer-se que em matéria de turnover, o retalho sofre das mesmas consequências negativas dos restantes setores de atividade, principalmente nos seus quadros de gestão. Ainda assim, o enorme dinamismo deste setor amplifica esses mesmos efeitos, pelo que é importante ter em conta os referidos fatores de mudança, de forma a controlar o seu impacto no negócio.

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