“No cenário digital em constante evolução de hoje, a Inteligência Artificial (IA) emergiu como uma força transformadora que está a renovar a forma como as Organizações operam e tomam decisões. Desde automatizar tarefas rotineiras até prever tendências de mercado, a IA capacita as Organizações a tomar decisões mais informadas e orientadas por data, levando a uma melhoria na produtividade, melhores experiências para o cliente e uma vantagem competitiva num ambiente de negócios cada vez mais complexo.”

O parágrafo que acabou de ler não foi realizado pela presente autora, mas sim pela IA existente no ChatGPT. Estamos a viver numa realidade nunca antes atravessada, onde o toque de IA se torna, cada vez mais, invisível e recorrente. Ainda nos encontramos em fase de ajustes, críticas, contemplações e certos receios associados, começando pela preocupação de perda de propriedade de informação, escalando para sociedades reféns desta nova tecnologia.

Sabemos que a tecnologia sempre foi, e sempre será, um conceito em constante Mudança, cada vez mais acelerada. A aplicação desta tecnologia, tal como sugerido previamente pelo ChatGPT, permite às Organizações alcançarem diferentes ganhos em termos de valor comercial, como o aumento de receitas, a redução de custos e a melhoria da eficiência empresarial (AlSheibani et al., 2020).

A implementação de IA numa Organização pode ser comparada à introdução de uma equipa altamente qualificada e adaptável. Imagine uma equipa de colaboradores brilhantes, que nunca se cansam, trabalham 24 horas por dia e destacam-se em tarefas que exigem análise de dados, reconhecimento de padrões e processos repetitivos; estes “colaboradores virtuais” podem processar vastas quantidades de informações rapidamente, identificar tendências e anomalias e fazer recomendações com base nas suas descobertas. Para além disso, tal como desenvolvemos novos colaboradores, a implementação da IA envolve a formação e o ajuste contínuo dos algoritmos para se alinharem cada vez mais com os objetivos. Com o tempo, à medida que a “equipa de IA” adquire experiência, tornar-se-á cada vez mais valiosa no suporte à tomada de decisões, na automação de tarefas e no aumento da eficiência.

Importa, assim, referir que a introdução destas “equipas” trazem desafios e ameaças de extinção para algumas profissões. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), tarefas administrativas e de comunicação, processamento de informação e de linguagem, serviço ao cliente, fornecimento de informação e gestão de dados são as mais expostas à automatização pela IA. Esta nova realidade leva-nos diretamente para a preocupação em encontrar processos de RH que acompanhem estas alterações. Por exemplo, neste caso especifico, um colaborador que deixe de assumir tarefas agora automatizadas e fique responsável por tarefas mais complexas e exigentes, deve ser avaliado da mesma forma?

Segundo Enholm, Ida Merete, et al., na sua revisão de literatura sobre facilitadores e inibidores de IA, alguns fatores Organizacionais assumem um grande peso na implementação de sucesso desta tecnologia (estrutura, cultura, liderança, a relação dos colaboradores com IA, formação, entre outros), e têm sido estes os aspetos que mais temos desenvolvido junto das Organizações.

Assim, a definição de uma estratégia não se limita a declarar o que gostaríamos de alcançar com a introdução da tecnologia, mas também com a definição dos devidos processos, iniciativas e prazos específicos para concretizar os objetivos, uma vez que a introdução IA poderá promover modificações consideráveis na estrutura organizacional, no nível de colaboração entre departamentos e na forma como a data é trabalhada na Organização.

Desta forma, para implementar uma estratégia desta natureza, é crítico pensar na estrutura e forma de trabalhar, evoluindo para uma abordagem holística de resolução de problemas, que, inevitavelmente, levará ao redesenho do organograma e ao (re)alinhamento das funções.

Em simultâneo, é essencial promover uma cultura que estimule a aplicação destas tecnologias; culturas inovadoras que incentivem a exploração, criação e implementação de novas ideias tornam-se terrenos férteis para adotar novas tecnologias. Colaboradores que vibram com este mindset estarão mais dispostos a utilizar uma nova tecnologia e serão capazes de identificar e aproveitar novas oportunidades de aplicação da IA; um ponto ainda por explorar na literatura remete para o facto sobre como a adoção de tecnologias inovadoras como a IA afetará a capacidade da própria Organização para inovar mais e melhor.

É também, neste sentido, que se torna fundamental formarmos os colaboradores, avaliando a disponibilidade interna de conhecimentos para garantir que existe capacidade técnica para utilizar as novas ferramentas e tecnologias, mas também para que funções devem ser direcionadas - uma adequação mais forte entre a tecnologia e a tarefa levará a níveis mais altos de adoção e uso (Mishra & Pani, 2020).

Para além disso, e como em qualquer processo de mudança, a liderança e a liderança de topo, devem tornar-se fortes stakeholders para uma implementação de IA de sucesso. Através de programas de transformação, com grande foco na comunicação e no exemplo, é possível impactar e envolver toda a Organização. Sabemos que a confiança na tecnologia ou noutros processos de mudança é potenciada pelo grau de compreensão das mesmas. Assim, o entendimento do propósito, suportado por um plano de comunicação estruturado, permitirá promover a confiança e fazer reconhecer o papel que esta tecnologia poderá desempenhar na nova realidade Organizacional.

Sabemos que a tecnologia sempre foi, e sempre será, um conceito em constante Mudança, tudo depende da forma como reagimos à chegada da mesma na nossa vida. Defendo que a devemos receber com um "Hi", de outra forma, os "AIs" poderão ser mais que muitos. Hi AI!

Autora: Catarina Ricardo, Consultant Michael Page Consulting

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